domingo, 22 de agosto de 2010

Válvula de escape.


Todas as pessoas tem uma válvula de escape não é? Para alguns o choro é uma ótima válvula, para outros a bebida ou as drogas. Mas a válvula de escape mais funcional e duradoura é Deus. Deus. Deus. Todos podem recorrer a ele, os cansados, os famintos, os ricos, os pobres, os burros, o inteligentes, todos. Menos pessoas como eu. Deus me amaldiçoou, Deus abomina pessoas como eu. Como vou pedir ajuda à ele? Em oração me sinto recorrendo a alguém que simplismente não gosta de mim. Ontem a noite chorei, chorei feito um bebê, quase liguei pra uma pessoa importante pra mim, quase mandei mensagem de texto mas a bosta do teclado do meu telefone não funciona. Mas que sentido tem eu ligar ou mandar uma mensagem pra que não gosta de mim como eu gosto dele? É a mesma coisa com Deus. Me considero agnóstico, mas preciso rever os meus conceitos. O fato é que EU NÃO SEI. Deus não pode ser a minha válvula de escape, não tenho disposição para ir comprar bebidas na venda da esquina e eu nem ao menos conheço um só ponto de tráfico de drogas. Também não costumo chorar, chorei ontem, mas só ontem. Não sei se tenho condições de chorar hoje de novo. Me sinto um filho abandonado por Deus, uma ovelha negra, ele não me apóia, ele não me responde, eu não posso seguir o caminho dele. Eu sei quem sou, sei qual é a minha condição, mas a cada dia que passa percebo que não me aceito, percebo que estou no lugar errado, no corpo errado. Quanto mais o tempo passa mais tenho a certeza de que não me aceito e que queria mesmo era ser heterosexual, por comodismo mesmo, por as coisas serem mais fáceis e sim assim fosse eu poderia ser aceito por Deus, poderia andar em seu caminho e poderia ser respondido por ele.

Não sei se isso que estou sentindo por você é mais uma paixonite passageira ou se é algo com o qual eu terei de conviver durante muito tempo. Só sei que seu cheito é absolutamente instigante, que sua voz é doce e que todos os seus movimentos são tudo o que eu sempre quis pra mim. Por mais que eu diga "hoje eu não vou falar com você!" eu não consigo e acabo me rendendo a sua inocencia, que por muitas vezes é de me fazer muita raiva, pq a dúvida está aqui na minha cabeça, a dúvida na certeza de que tudo não passa de coisa da minha cabeça. Desculpe por não poder sentir apenas amor de amigo, que seria muito, muito legal se apenas fosse. Desculpe.

Enfim, acho que posso transformar esse blog numa válvula de escape. Mas do que adianta ser uma válvula de escape se ninguém lê? Quero mesmo é um pouco de sua atenção. Então deixa um registro de sua passagem por aqui.

2 comentários:

  1. Muito bonito mesmo !!

    Seu texto expressa, a dor de ser diferente e a angustia de sermos minimizados por aquilo que deveriam ser apenas detalhes em nossas vidas

    Mas creio, que a culpa não estar em Deus
    E que amá-lo, e falar com ele (ainda que entre lágrimas) , mesmo mediante ao seu silêncio, é uma forma de protestar contra um senso religioso, muito duvidoso por sinal, que diz que pessoas "diferentes" não são amados por ele...

    Lembre-se de muitas mentiras que foram ditas:

    já foi dito (pelos homens) que negros não tinham alma

    Que os indios eram como uma "tela branca" e desprovida de espiritualidade

    Que as mulheres eram seres do mal, de onde se originava todo pecado....

    Por que acreditar em mais mentiras ???

    Por isso faça de Deus, sua válvula de escape, sim !!!

    Diga à ele que você o ama, e mesmo na incerteza, de uma reciprocidade .....continue a falar com ele !!!!

    Pois, de outra forma, estamos sendo tão egoístas, como todas as pessoas que perseguem "os diferentes" negando-os o "segrado" direito de existirem !!!

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